quarta-feira, 29 de maio de 2019

A VIDA SIMPLES DE JOSÉ BERARDO


Esta última semana ficou marcada pela audição do comendador Joe Berardo, ou José Berardo, um nome mais frugal e português para uma vida tão simples e despojada, à comissão de inquérito da CGD. A minha opinião, até pode ser algo polémica, porque vai contra o status quo estabelecido na opinião pública.

Mas há várias questões que gostaria de colocar e que todos fizéssemos uma profunda reflexão.

Quem conhece a história e/ou biografia de Champalimaud verá algumas semelhanças, nomeadamente no regresso a Portugal após o 25 de abril e com o apoio dos diversos governos e até na venda dos bancos ao capital estrangeiro. A grande diferença? Não foram os portugueses que acabaram a pagar a fatura.

Vamos ao comendador Joe Berardo, algo estranho, o Presidente da República dá a entender que pretende retirar a ordem honorífica atribuída, mas será que ainda espera pela condenação do seu amigo, com quem ia para o Estoril Open, Ricardo Salgado, para retirar a este? Este sim, que colocou em causa a vida de diversas famílias portuguesas.

Voltemos ao comendador Joe Berardo teve uma audição péssima, a verdade é essa. Correu mal, mal preparada, mas foi genuína, foi ele próprio. Primeiro: não devia ter respondido a nada; segundo: caso respondesse já devia ter treinado com o advogado e com os seus assessores o que dizer ou não dizer.

Mas vamos ao cerne da questão: Joe Berardo não é o mau da fita, neste enredo complicado. Ele, como qualquer cidadão, contraiu um empréstimo, algo que há pessoas que fazem para fazer uma viagem, sim é verdade, há pessoas que fazem empréstimos para fazer uma viagem de sonho que pode acabar em pesadelo quando regressarem. É claro que não falámos de milhões, mas também estamos a falar de dimensões diferentes e poder económico diferentes.

Quando se contrai um empréstimo é de facto um termo muito bem aplicado, porque “contrair” é quase como se fosse uma doença venérea. Há uns anos, os bancos e instituições de crédito não queriam saber muito bem das garantias, era crédito fácil... Tinham taxas de esforço de 150% ou até mais, hoje seria impossível, mas a verdade é que tal acontecia e ninguém se preocupou com nada.

Aqui quem é que está mal? A pessoa que sonha em fazer uma viagem? Quem lhe dá essa possibilidade de fazer a viagem, sem se preocupar se essa pessoa lhe pode pagar o empréstimo da viagem? Penso que em primeiro lugar devia ter sido quem lhe emprestou o dinheiro a ser responsabilizado, pois emprestou sem ter qualquer tipo de garantia que ia reaver o dinheiro. E agora? Claro que quem contraiu o empréstimo também deve ser responsabilizado, pois, em vez de ter pensado em ir às Maldivas, devia ter pensado ir ao Porto Santo.

Os factos são estes... A questão aqui, tal como foi dito na comissão, Joe Berardo está a ser o bode expiatório, quando não o merecia, pelo que fez e faz por Portugal e também fez pelos estudantes madeirenses e pela Madeira.

Outro facto interessante, é que alguns dos que autorizaram estes empréstimos ruinosos foram para Bancos Centrais na Europa e em Portugal foram premiados, quando devia ter sido o contrário. Ah... E continuam a exercer a ser irresponsáveis e não se recordam de absolutamente nada... Claro que aqui o único responsável é quem contraiu essa doença, que foi o empréstimo fácil...

O empréstimo concedido ao comendador Joe Berardo fará todos os portugueses pagarem com os seus impostos. E os negócios do BES, do BPN e etc... Em que pessoas perderam as suas vidas, são pagas por quem? Ah... Por todos os portugueses, mas aqueles que perderam as suas casas, não as vão reaver... Dá que pensar!!!

Publicado no JM-Madeira

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