segunda-feira, 27 de maio de 2019

“Ama o que fazes e nunca terás que trabalhar”* – a mentira?


Diariamente brinco com o meu filho e, noutro dia, lembrava-me de quando era criança e brincava com os carrinhos, com os soldadinhos de plástico verdes em diversas posições. Nestes momentos de diversão, lembrei-me que quando comecei a crescer, comecei a não ter tempo para brincar com esses brinquedos. Não era por não ter tempo, mas sim, por não ter tempo. A Internet chegou a casa, ainda com o modem e eu queria estar no mIRC ou em jogos e o tempo era pouco para montar uma cidade e brincar ou para fabricar qualquer tipo de guerra.

Hoje, esse tempo regressou com o meu filho, contudo a mentalidade dele é diferente e os jogos de carros são diferentes daqueles que eu tinha na altura. Mas, este texto não é sobre as brincadeiras, é sim sobre o tempo que dispensámos para atividades que até podemos gostar, mas que se perde o foco daquilo que nos fazia felizes.

Algo que nos devia motivar era em procurar a felicidade, esse caminho é fundamental e é o mais importante. Atualmente, procura-se é o sucesso, o dinheiro e progresso pessoal. Aquela máxima que muitas vezes é dita e repetida: “procure um trabalhe que ame e nunca terá que trabalhar na vida.”* Eu confesso que não conheço ninguém que diga: adoro o que faço e ficaria aqui todo o dia e tudo a fazer isto. Até o Mark Zuckerberg faz outras atividades, além de gerir unicamente o Facebook. Ou Steve Jobs que chegou a ser despedido da Apple, realizava outros projetos e fazia outras atividades que adorava. Tenho a certeza que ambos diriam que eram felizes a fazer o que faziam.

Acredito que muitos possam gostar de tocar viola e até seguem o seu sonho de tocar numa banda ou a solo, fazem disso a sua vida, mas um dia, esse prazer torna-se trabalho. Quantos artistas vemos entrarem em depressão ou passarem momentos de dificuldades, e faziam o que amavam. Outro bom exemplo são os jogadores de futebol quando jogam como uma criança de rua... O que é raro vermos acontecer, torna-se tudo profissional e o amor transforma-se numa obrigação, numa necessidade.

É assim com todos nós, o nosso foco a nossa diversão, a não paixão, o amor em fazer algo desorienta-se e perde-se.

O sonho de ser empreendedor muitas vezes é isso mesmo um sonho, porque o trabalho, os momentos de isolamento, aquelas dificuldades em traçar um rumo não é como no sonho em que tudo sai perfeito e só existe o “amor” na busca desse mesmo sonho. Se o trabalho fosse para amar, seria um parque de diversões e isso nem o Google é.

Com o meu filho voltei a ter tempo para brincar com carrinhos e brevemente espero realizar guerras de brincar (pois só essas é que devem existir) com soldadinhos de plástico...

*citação de Confúcio.

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