sábado, 22 de abril de 2017

Os russos já aí estão!


Não sei se é motivo para tal, mas ando a ficar preocupado. Cá em casa andamos a ser invadidos por russos, por horas e horas. Parece estranho, então a UE não tinha aplicado sanções a esse país da Eurásia?

Após a queda da URSS, eis que a Rússia entra em nossas casas, sem darmos por isso, ou melhor, eu e o meu filho até gostamos. Nós andamos viciados em duas séries infantis que são fantásticas, uma que se chama Sunny Bunnies e outra é a Ма́ша и Медве́дь, que em português é a Masha e o Urso.

Vou-me focar na Masha e o Urso (escrita por Oleg Kuzockov), por ser uma série mais complexa e baseada numa lenda russa Mas o que tem de especial esta série? Esta tem tudo de fantástico, apesar de existirem críticas. Vamos à lenda soviética de forma muito resumida. Trata-se de uma menina que vivia com os avós próximo de uma floresta. Ela queria ir passear para floresta, vai e perde-se, e um urso prende-a em casa a fazer as tarefas domésticas, era uma empregada doméstica sem custos. Ela diz que quer ver os avós mais uma vez, mas ele não autoriza, então pede para ele levar-lhes uma mensagem e uma tarte, e o que acontece? O urso cede e leva a mensagem aos avós dela, mas, na verdade, dentro do cesto, ia a Masha e assim regressou a casa.

Já a série é um pouco diferente. A Masha, que, se fosse traduzido para português, seria Maria, é uma criança com uns 3 anos que vive ao lado de uma estação do comboio siberiano com alguns animais e na floresta vivem 3 ursos, mas há um de quem ela gosta e torna-se amiga, ou melhor, torna-se uma filha. Ela é uma criança travessa, mas com um coração doce.

Esta é só a série mais vista no Mundo inteiro. A maneira como ela se veste, apesar de ser um modo tradicional russo, é um modo universal, porque, para nós portugueses, usa um lenço na cabeça como usavam as nossas avós, mas também muito tradicional para um muçulmano devido ao lenço. Todos os desenhos são preparados até ao mais ínfimo pormenor, já que cada episódio custa em média 250 mil dólares.

Já as críticas, são as habituais de que é mau para as crianças verem o comportamento da Masha, pois vão imitá-lo e blá blá… A minha geração cresceu a ver desenhos animados violentos e será que são todos violentos? É óbvio que não, nem pouco mais ou menos. A Masha é simplesmente uma criança! Depois há síndrome que alguns países estão a viver com o fenómeno da Masha e o Urso, simplesmente dizem que é propaganda russa, é uma “arma de propaganda do Kremlin”, como informou um jornal lituano, já na Ucrânia dizem ser um “exemplo clássico de sadomasoquismo”, se formos aos restantes ex-países da URSS iremos encontrar catadupas de adjetivos deste género.

A verdade é que esta série demonstra a integração de uma criança, que, apesar de tradicionalmente russa, podia ser portuguesa, podia ser americana, e de qualquer país muçulmano. Já o Urso trata a Masha como uma filha e satisfaz todas suas necessidades e caprichos e até a coloca de castigo, como um verdadeiro pai.

Agora pergunto-me se as necessidades de uma criança no meio da Sibéria serão tão diferentes de uma criança na Madeira? É óbvio que não. Já agora, com estes desenhos animados, a Rússia está, de facto, a conquistar o Mundo, na minha casa já ganhou várias batalhas e ameaça ganhar a guerra! O velho grito de alarme “vêm aí os russos” é agora “os russos já aí estão!” (e isto não é nenhuma piada política à geringonça) Isto é prova de domínio pós-soviético ou de que todos os humanos se identificam universalmente com os mesmos axiomas?

Post Scriptum: Gostaria de frisar que na floresta onde a Masha brinca, existem dois lobos que vivem numa ambulância abandonada e que é o “hospital” ou centro de saúde da zona, mas uma coisa é certa, sempre que possível não falta uma injeção para curar qualquer maleita. Por isso, tenho a certeza que a Masha não faltou a nenhuma vacina, mesmo vivendo no meio da Sibéria!


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