O mês passado foi lançado o livro de Adriano Campos e José Soeiro com o título: “A falácia do empreendedorismo”, onde é abordada a temática do empreendedorismo, e vem desmitificar e demonstrar algo que tenho vindo a escrever, que é que o empreendedorismo, só por si, não vai resolver a crise. Mas acrescentam mais, e confesso que é algo que faz todo o sentido, o mito do empreendedorismo procura “culpabilizar os desempregados” e, assim, dizer-lhes que eles estão nessa condição, unicamente, por culpa deles e mais nada na sociedade, e aqui ignora-se as condições salariais, de herança e também das políticas dos governos e do Estados, inclusive as políticas europeias.
José Soeiro, numa entrevista, aborda a temática do financiamento para o empreendedorismo, e chegou à conclusão de que a maioria desse financiamento chegou às pessoas que não criaram qualquer emprego, mas sim criaram o seu próprio emprego a fazer formações sobre o empreendedorismo, mas também eventos sobre o empreendedorismo. E o José Soeiro questiona se este dinheiro fosse canalizado para políticas que sirvam mesmo a formação de emprego, será que não haveria mais resultados?
Reconheço diversas destas caraterísticas e em especial estas ideias, com relevância para o ponto em que as pessoas acham que parte, unicamente de nós, a criação de emprego e sermos empreendedores. Recordo-me do Miguel Gonçalves, aquele “empreendedor” que dizia na apresentação de num programa Prós e Contras e posteriormente na apresentação do Impulso+ que era preciso “bater punho” para as pessoas conseguirem emprego, e, depois do que disse, Ricardo Araújo Pereira desmistificou no programa Governo Sombra as afirmações desse empreendedor, e descreve como são as pessoas que vão às respetivas conferências de empreendedorismo, que classifica em três tipos: Primeiro grupo: Claque de Portugal, que diz que Portugal já foi grande e que nasceu cá Pedro Alvares Cabral e Vasco da Gama e voltaremos a ser grandes; Segundo grupo: Jack, “o estripador”, que dizem bastar acreditar nos vossos sonhos para acharem que se realizam; Terceiro grupo: a igreja universal do reino do empreendedorismo, que são aqueles que acham que o empreendedorismo é a solução para o Mundo.
Com este artigo não quero desmotivar, mas antes apelar ao cuidado a ter e alertar para esses falsos gurus do empreendedorismo de que a solução da crise em Portugal está apenas no empreendedorismo, porque muito das histórias têm que ser trabalhadas para baterem certo com aquilo que se pretende.
Publicado na Revista Madeira Digital do mês de Junho
Sem comentários:
Enviar um comentário
O blogue Madeira Minha Vida não é responsável pelos comentários reproduzidos no blogue.
Cada comentário é da responsabilidade de quem o redige.
Comente com ponderação!