sexta-feira, 22 de julho de 2016

A culpa é nossa


O mês passado foi lançado o livro de Adriano Campos e José Soeiro com o título: “A falácia do empreendedorismo”, onde é abordada a temática do empreendedorismo, e vem desmitificar e demonstrar algo que tenho vindo a escrever, que é que o empreendedorismo, só por si, não vai resolver a crise. Mas acrescentam mais, e confesso que é algo que faz todo o sentido, o mito do empreendedorismo procura “culpabilizar os desempregados” e, assim, dizer-lhes que eles estão nessa condição, unicamente, por culpa deles e mais nada na sociedade, e aqui ignora-se as condições salariais, de herança e também das políticas dos governos e do Estados, inclusive as políticas europeias.

José Soeiro, numa entrevista, aborda a temática do financiamento para o empreendedorismo, e chegou à conclusão de que a maioria desse financiamento chegou às pessoas que não criaram qualquer emprego, mas sim criaram o seu próprio emprego a fazer formações sobre o empreendedorismo, mas também eventos sobre o empreendedorismo. E o José Soeiro questiona se este dinheiro fosse canalizado para políticas que sirvam mesmo a formação de emprego, será que não haveria mais resultados?

Reconheço diversas destas caraterísticas e em especial estas ideias, com relevância para o ponto em que as pessoas acham que parte, unicamente de nós, a criação de emprego e sermos empreendedores. Recordo-me do Miguel Gonçalves, aquele “empreendedor” que dizia na apresentação de num programa Prós e Contras e posteriormente na apresentação do Impulso+ que era preciso “bater punho” para as pessoas conseguirem emprego, e, depois do que disse, Ricardo Araújo Pereira desmistificou no programa Governo Sombra as afirmações desse empreendedor, e descreve como são as pessoas que vão às respetivas conferências de empreendedorismo, que classifica em três tipos: Primeiro grupo: Claque de Portugal, que diz que Portugal já foi grande e que nasceu cá Pedro Alvares Cabral e Vasco da Gama e voltaremos a ser grandes; Segundo grupo: Jack, “o estripador”, que dizem bastar acreditar nos vossos sonhos para acharem que se realizam; Terceiro grupo: a igreja universal do reino do empreendedorismo, que são aqueles que acham que o empreendedorismo é a solução para o Mundo.

Com este artigo não quero desmotivar, mas antes apelar ao cuidado a ter e alertar para esses falsos gurus do empreendedorismo de que a solução da crise em Portugal está apenas no empreendedorismo, porque muito das histórias têm que ser trabalhadas para baterem certo com aquilo que se pretende.

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