quarta-feira, 27 de maio de 2020

SUPERPODER DE CONTRIBUINTE!


Noutro dia estava a rever o filme a Liga da Justiça, confesso que sou fã de todos os super-heróis, sejam eles da DC, sejam da Marvel. Neste caso há um diálogo entre o Batman e o Flash em que o Flash, a certo momento, pergunta ao Bruce Wayne (o Batman):

– E tu, qual é o teu superpoder?

– Sou rico… – esta é a resposta do Batman, pois, na verdade, ele não tem nenhum poder, simplesmente tem muito dinheiro e consegue ter todo e mais algum equipamento para atingir os seus objetivos.

Como no Mundo, que eu saiba, não existem superpoderes, os ricos devem ser os heróis das nossas sociedades, podem, por vezes, não combater o crime, tal como faz o Batman. Mas podem fazer filantropia.

Tal como faz o Bill Gates, que criou programas de vacinação mundial, e que financia projetos para encontrar curas para as mais diversas doenças, nomeadamente o corona vírus.

Quando se exige, diariamente, que todos sejamos heróis, isso não passa de uma falácia, porque não possuímos um superpoder e a grande maioria não é rica.

Por exemplo, veja-se o caso do nosso país, verifica-se que, neste momento, quem passa por novas e grandes dificuldades não são os muito pobres, estes, infelizmente, passam pelas dificuldades de sempre, nem os muito ricos. Quem passa a maioria das dificuldades, algumas delas acrescidas, é a classe média.

Os muito pobres já o eram antes da crise, alguns têm acessos, e bem, refira-se, a habitação social, rendimento de inserção social, cheques de alimentação e etc… Os progressos que se fez na segurança social é um verdadeiro sucesso e isto cria, diariamente, a possibilidade de milhares de pessoas sobreviverem no nosso país.

Já os ricos, pouco ou nada tenho a referir, alguns podem ter tido uma quebra nos seus rendimentos, mas não deixarão de ser ricos, outros até viram aumentar os seus rendimentos, porque, numa crise, há sempre novas oportunidades de negócios para alguns setores.

Já a classe média, com esta crise, clama por heróis… Alguns entraram em lay off, logo tiveram uma redução drástica nos seus rendimentos, outros perderam complemente os seus rendimentos, aqueles pequenos empresários, logo deixaram de poder cumprir as suas obrigações estatais com os respetivos impostos, mas, mais grave que isso, alguns deixaram de poder cumprir as suas obrigações familiares.

A classe média, que é a força do trabalho para os ricos é quem mais contribui para o estado social e neste momento está a necessitar de ajuda e as dificuldades aumentaram diariamente até se dar uma recuperação económica completa, até se controlar ou soubermos viver com este vírus. Outro exemplo claro e que aparece como escandaloso nestes tempos de crise pandémica é pensar como é que é possível o Estado continuar a não deixar que os bancos possam falir como todas as outras empresas. Separou-se o BES bom do BES mau, o mau ficava com as dívidas e ia enterrar-se milhares de milhões de euros num buraco negro. Já no BES bom ia ficar o filé mignon, dizia-se. Mas é este banco bom que se tornou um sorvedor sem de fundos públicos. Como é que podemos explicar a esta classe média que se vai enterrar mais de 700 milhões, outra vez, no BES ou no Novo Banco, mesmo sob a forma de empréstimos. Depois como é que se explica que este mesmo banco queira pagar prémios aos gestores, num valor que é o dobro de um concorrente. Alguém consegue entender?

Depois temos outro exemplo, que é a TAP, que foi privatizada, que foi “nacionalizada” em 50%, que foi não sei o quê muito bem. Dizem ou escreveram que a privatização permitia renovar a frota e mais não sei quantas coisas… Mas, agora que voltou a ter uma espécie nacionalizada, a mesma TAP, após uma injeção de dinheiro, necessita de mais 350 milhões dos contribuintes. E quem vai pagar? Os ricos que compraram a TAP, não; os pobres também não. Será outra vez a classe média. A TAP não faz serviço público, logo deixe-se privatizar de vez e nas linhas necessárias faça-se concursos sérios. Repare-se que o serviço público para o Porto Santo, nem é a TAP a fazer, mas um privado espanhol.

Enfim…

Voltando ao filme… Penso que, se o Flash perguntasse a mim qual é o teu superpoder?

Eu responderia: Sou um contribuinte Português da dita classe média!!!.

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