Recentemente, foi assassinado, barbaramente, em Bragança um jovem estudante cabo-verdiano, o Giovani Rodrigues.
Certos meios de comunicação social, com o suporte de alguns partidos, deram, de imediato, ao facto um caráter ideológico e racista, mediatizando, assim, o caso de forma inadequada. Isso não exclui, antes pelo contrário, o lamento de ver ceifada uma vida na primavera da sua existência, nem de repudiar, se se confirmar, que houve, além de outras, motivações racistas, um crime a juntar ao homicídio, e que deve merecer punição pesada e exemplar.
Ao mesmo tempo, dá-se outro caso, o do Pedro Fonseca, também um jovem, assassinado igualmente de forma brutal, em Lisboa, algo que passou despercebido ou de que quase não se fala, por várias razões. Aqui não se põe a questão de ter havido ou não motivações racistas, mas apenas de assalto à vítima, como móbil do crime.
Mas se somos um país assaz racista, como alegam esses partidos, gostaria de saber como é possível Portugal ter uma ministra de naturalidade angolana, ter um primeiro-ministro de origem goesa, ter deputados das mais variadas origens, sejam dos países de língua portuguesa ou descendentes de emigrantes de países sem qualquer ligação histórico-política a Portugal, e sem que isso seja motivo de polémica? Não, não é, e não é porque isso deriva da gesta universalista dos portugueses.
Fiz uma pesquisa e são poucos os países europeus a ter governantes que sejam originários das suas ex-colónias. É o caso da França, cuja ministra da educação é de origem marroquina, contudo, caucasiana. E Inglaterra, que tem como presidente da câmara de Londres, um cidadão de origem paquistanesa.
Então onde está o exacerbado racismo dos portugueses? Onde é que vemos um país mais inclusivo do que o Portugal Democrático? A verdade é que nunca houve uma segregação racial com suporte legal e constitucional tão vincado como aconteceu nos EUA e sobretudo na África do Sul. Não é de uma candura a nossa relação com os povos que colonizamos, como, aliás, nunca o foi na história da humanidade qualquer colonização. Não conhecem a tramoia dos romanos a Viriato, com a mão dos traidores do costume? Mas não podemos passar de um extremo a outro, esquecendo o que outros mesmos disseram de nós, como é o caso do grande intelectual brasileiro Gilberto Freyre, que defende a ideia de que a colonização portuguesa, naquilo a que chamou o luso-tropicalismo, foi bem menos segregadora do que a anglo-saxónica na América.
Falando na África do Sul, por acaso alguma associação de racismo já verificou quantos portugueses, nomeadamente madeirenses foram assassinados? Já viram como é o racismo lá? Ah… Como é claro, isso não interessa, nem interessa ser denunciado, nem falado nos meios de comunicação social portugueses.
Ao abrigo deste assoberbado racismo proclamado pela esquerda diziam: “Em cada 100 jovens afrodescendentes, só 20 entram no Ensino Superior” (artigo no Público de 10/01/2020 de Nina Vigon Manso), mas, se formos verificar os dados da OCDE, em cada 100 jovens portugueses, só 40 é que têm ensino superior. Como é óbvio, estes dados não querem dizer que desses 40, 20 são afrodescendentes. Mas que a taxa da população que tem ensino superior em Portugal ainda é baixa. É um dado! Não é racismo! Não tem a ver com a raça!
Lamentemos todos os crimes, sobretudo os violentos, a começar pelo crime, o mais numeroso no nosso País, contra as mulheres nos seus próprios lares, condenemos o racismo, seja ele de que cor for, branco, negro, amarelo ou vermelho, mas não nos imolemos como povo.
Temos uma História quase milenar, que, não obstante as suas etapas de natureza diversa, nos orgulha e nos dá razões para encarar, de rosto levantado, o Futuro de Portugal.
Publicado no JM-Madeira - Siga Freitas
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