Este conto não é meu, é um conto tradicional português e então, como todos os contos, começa assim: Era uma vez… Ou:
Havia um pescador que tinha uma mulher gulosa e má, além de preguiçosa. Não lhe fazia comida e ele, como não fora habituado, numa sociedade antiga e patriarcal, a cozinhar, só comia pão com azeitonas, Já para ela própria, fazia a mulher do pescador preparava bons petiscos e comia-os sozinha. Depois cantava uma canção: “Estende-te, perna,/Descansa corpinho,/Que lá anda no mar/Quem te há-de dar/Pão e vinho./Quando o pescador vier,/Coma azeitonas se houver.”
E assim era, quando o marido chegava a casa, só havia pão e azeitonas, em que ela dizia que já tinha comido. Ora… Lamentava-se todos os dias o pescador da sua pouca sorte. Ora… imaginem alguém que tem tudo e nada divide, nem se importava com quem dava o sustento da sua casa. Ele andava desconfiado que a sua mulher comia às escondidas. Um dia, ao ir para o mar, encontrou uma velhinha que lhe disse:
- Não te apoquentes mais que amanhã já comes melhor. Toma lá estas quatro bonecas e põe uma em cada canto da cozinha, mas que a tua mulher não veja.
Ele assim fez.
No dia seguinte, quando a mulher se preparava para comer os petiscos, ouviu:
- O que vai fazer aquela mulher? – interrogava a primeira boneca…
- Ora… vai comer!... – respondia a segunda boneca.
- Mas o marido não está em casa! – exclamava a terceira boneca.
- Bem se importa ela com o marido. É uma gulosa – sentenciava a quarta boneca.
A mulher, assustada, olhou e não viu ninguém. E volta a olhar para os petiscos e decide comer, mas ouve novamente a mesma conversa. Ficou cheia de medo e fugiu porta fora. Mas voltou a ficar com fome e regressou a casa e ouviu novamente as mesmas vozes. Então aguardou que o marido chegasse.
O pescador ficou admirado com a mudança. No dia seguinte, antes de sair para faina, a mulher diz-lhe:
- Olha, vem cedo que eu tenho cá um bom jantarinho.
Assim foi… Ela nunca mais comeu sem o marido. Tempos depois foi o pescador à procura da velhinha, que era uma fada, entregou-lhe as bonecas e agradeceu-lhe muito o que lhe tinha feito, pois agora já era feliz.
Felizes daqueles que, após avisos das bonecas ou bonecos, percebem que devem estar ao lado dos seus e não ao lado dos outros, pois sem os seus irá faltar a comida em casa. O mérito do trabalho deve ser recompensado, pelas esposas, por muito gulosas que sejam.
Um dia as bonecas podem perceber que não chega falar e aí buscar outra esposa para o velho pescador!
Publicado no JM-Madeira - Siga Freitas
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