quarta-feira, 12 de setembro de 2018

INDEPENDÊNCIA PARA LISBOA!

Lisboa transformou-se numa ilha, uma ilha isolada do resto do País. Já só se vê o Tejo onde paira um difuso nevoeiro, passe o pleonasmo… Almada e o Barreiro perderam-se na névoa. Os cacilheiros deixaram de fazer a viagem, já que não são apropriados para viagens a vagar o mistério. Portugal desligou-se de Lisboa por miopia desta.

Agora viaja-se por uma “módica” quantia que pode rondar o meio milhar de euros até Lisboa, segundo o mandante da companhia de bandeira. O aeroporto está cheio e cheio, a transbordar, é difícil aterrar e levantar qualquer aeronave. A organização é a que se sabe.

Mas o Presidente daquela Câmara, mais centralista que nunca, afirma: “O Governo e todos os portugueses têm de pagar os transportes aqui desta capital para quem o resto do país é apenas o resto...” O único e “válido” argumento é que são a capital. Já as “esquerdas encostadas” defendem: “claro que sim, é preciso investir nos transportes públicos”. Além do mais, é preciso investir em empresas mal geridas, onde só estão boys socialistas. Claro que sim…

Fernando Medina, nem é lisboeta, pois nasceu no Porto, mas é mais centralista que outro qualquer alfacinha. Lisboa é tudo e todo que é Portugal é só paisagem que está para lá do nevoeiro. Quando se fecham instituições em qualquer parte do país e se deslocalizam trabalhadores para Lisboa, é algo necessário. Veja-se os exemplos da bolsa do Porto, os centros regionais da RTP, que fecham por todo o país, quando não se investe em hospitais fora de Lisboa (veja-se a pediatria do Hospital de São João no Porto), até grandes eventos como o Festival da Canção só podia ser em Lisboa, a seleção portuguesa faz mais de 60% dos jogos no distrito de Lisboa, tudo e tudo é deslocalizado para Lisboa. Ai de quem tente deslocalizar uma mera instituição, por exemplo o Infarmed, para o Porto. Ai, ai, ai, cai o Carmo e a Trindade! São sindicatos, são todos e mais alguns a reclamar. E o governo acabará por deixar cair a proposta de retirar uma pequena instituição ou organização governamental de Lisboa.

Portugal falta-se cumprir, seja com uma regionalização, seja com um sistema federado.

Portugal são todos aqueles que vivem fora de Lisboa, porque só esses conhecem, vivem Portugal e conhecem os verdadeiros problemas do Portugal Profundo, do Portugal real.

Nós, enquanto madeirenses, sentimos, diariamente, o que é viver longe da metrópole, um governo que hostiliza, sistematicamente, a Madeira. O Governo da República coloca mais dinheiro em Lisboa do que em outra qualquer parte, seja Porto, Alentejo ou Minho. Assim, o Governo continua a financiar e a retirar a todo um país que é Portugal para alimentar Lisboa.

Chega de centralismo.

Agora serão 70 milhões para os transportes para os lisboetas terem transportes a um preço decente, já os madeirenses de Santana ou do Porto Moniz continuarão a ter preços indecentes, já que não existe a mínima solidariedade. Já os madeirenses para poderem ir à capital terão de desembolsar centenas “módicos” de euros, já o ferry a ministra poderá recebê-lo com um arraial, mas não ajuda em nada, estranho um governo de esquerda que defende a iniciativa privada. E se tivermos os nossos filhos, lá serão mais que ser mais 400 € para pagar uma renda num quarto sem qualquer tipo de condições, pois o Estado não cumpre o seu dever e não fiscaliza a legalidade destes preços.

É preciso olhar para um país inteiro e não investir apenas na macrocefalia da capital. A Madeira, com todas as outras regiões do país, tem de se unir para lutar por uma distribuição justa de recursos. Tal como no futebol criaram um G15, precisamos de unir as 5 regiões administrativas do Continente e as 2 Regiões Autónomas e lutar.

“Falta cumprir-se Portugal”, disse o poeta. E Portugal só se cumpre declarando a independência de Lisboa e do seu centralismo.

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