sábado, 8 de julho de 2017

A dor que arde sem se ver


Não é o fogo, como disse Camões, mas a dor que arde sem se ver. E por isso, este mês, não podia deixar de escrever sobre algo que tem vindo a prejudicar o nosso país, até mesmo a destruir famílias, pessoas individualmente, mas também o nosso património: os incêndios. Não quero encontrar culpados, nem um bode expiatório, mas sim apresentar soluções.

Eu tive o privilégio de ter o Professor Pedro Vieira, que dava umas cadeiras de física, nomeadamente Biofísica e outras da área de física médica, tais como imagem médica, sem dúvida um especialista em oftalmologia e etc… Mas o que tem de especial este professor de física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa? Simples, criou uma empresa NGNS-ingenious solutions. Esta empresa criou uma das mais fantásticas ferramentas para qualquer país, sempre fustigado por incêndios florestais. Criou a Forest Fire Finder (F3), mas o que tem esse sistema diferente de qualquer outro sistema de deteção de incêndios? Além de estar patenteado, logo é único, utiliza a análise espectral ótica, fazendo com que se consiga “saber” que se trata de um incêndio e entra em contacto diretamente com bombeiros e proteção civil. Porque é melhor que a observação humana? Porque é 24 horas, é mais barato e o erro é menor.

Agora a pergunta de um milhão de euros? Porque é que Portugal não adquire estes meios e tecnologia portuguesa para prevenção dos incêndios? Todos vão pensar que é caro, mas não, esta tecnologia custa sensivelmente 1 € por hectare, acredito que em regiões mais montanhosas seja mais caro, mas, mesmo assim, a reflorestação custa, pelo menos, 3 mil euros por hectare. Atualmente só o concelho de Ourém utiliza esta tecnologia e conseguiu reduzir de 678,42 hectares de área ardida em 2008 (sem o F3) para 8,80 hectares com o F3 em 2010. Parecem-me fantásticos resultados, apesar de não possuir os dados mais recentes.

Esta seria uma das soluções, mas existe mais, nomeadamente uma das tecnologias que o Professor Amândio Azevedo estuda na UMa – Universidade da Madeira, professor na área das engenharias, que desenvolve diversas tecnologias com Rede de Sensores Sem Fios (Wireless Sensor Network) que é considerada uma das tecnologias mais revolucionárias dos últimos anos. É um sistema que tem todas as potencialidades para minimizar estas catástrofes.

Não se pode andar somente a dizer: “precisamos de meios aéreos, precisamos de mais bombeiros, precisamos de mais meios terrestres…”, pois, na verdade, precisamos de apostar na prevenção, em que se tenha um ordenamento florestal, acredito que o maior e mais bem sucedido dos anos mais recentes, deve ter sido daquele senhor de nome: D. Dinis. Esse mesmo, com o pinhal de Leiria. Estou a fleuma da contenção que contêm a indignação, como é óbvio, pois este é um problema sério e é necessário encontrar soluções sérias e não fazer trabalho político ou política com a vida ou morte das pessoas, a não ser que fosse a Política tal como no-la ensinaram os gregos!

Como diz o slogan da empresa NGNS – ingenious solutions: “We create technology”, nós temos a tecnologia falta aplicá-la em Portugal.

Publicado na Revista Madeira Digital do mês de Julho

Sem comentários:

Enviar um comentário

O blogue Madeira Minha Vida não é responsável pelos comentários reproduzidos no blogue.
Cada comentário é da responsabilidade de quem o redige.

Comente com ponderação!