segunda-feira, 22 de maio de 2017

Venha daí um fadinho que mate a saudade de velhas tristezas!

http://www.portugalize.me/2014/05/15/fado-fatima-futebol-e-folitica/
Para onde emigraram as “digracias” que antes pairavam sobre este nosso então desesperado País e que nos faziam passar a vida a “cramar”? O que não faltam, nestes últimos tempos, são acontecimentos em catadupa de efeitos tão generosos, que, saudosistas que somos, já nos apetece perguntar se não haverá por aí uma noticiazinha má que seja para podermos carpir, que, nosso espírito luso, é sinónimo de curtir, tal o prazer que temos em nos queixar da má sorte? Quer dizer, para mim e milhões de portugueses, houve uma má notícia que terminou em cataclismo numa rotunda tingida de encarnado berrante, que corria ali desde os lados da Luz das águias.

Mas vamos às boas notícias, eis que o Salvador Sobral fez com que Portugal ganhasse, pela primeira vez, o Festival da Eurovisão, repetindo o feito de ser campeão europeu da seleção portuguesa de futebol, eis que o arquiteto Paulo David recebe um prémio internacional, eis que o Porto B, com aquela inigualável marca, a marca FCP, vence a Premier League International Cup, uma competição europeia para os sub23, e, finalmente, eis que Portugal cresce em valores acima dos quais não acontecia desde há quase duas décadas.

Confesso que começo a ficar preocupado com a saúde dos portugueses, como será com tanta boa notícia? Onde estará aquela lamúria, que nos deu a canção nacional, o fado, ou, como diz o poema justamente cantado em fado, “feliz do povo, pois é feliz, com certeza, quem fez até da tristeza a sua própria canção”. Acabou o “quase” de Mário de Sá-Carneiro - Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... - estávamos sempre no estado do “quase! Era só um “coisinho” que faltava para chegarmos lá, mas vamos melhorar. Agora não, agora é tudo à grande, crescemos e ganhamos a nível internacional. Perdemos, é certo, mas saímos de cabeça erguida? Isso era antes! Agora, saímos é com o caneco! O do europeu, ou o do festival!

Será que ainda existem Velhos dos Restelo? Será que vão a resistir a tanta vitória? Já sei o que dirá qualquer Velho do Restelo, de qualquer esquina desta terra, pelo menos da nossa, pois recordo-me bem das palavras da minha avó, quando eu estava muito divertido: “Quando os porcos bailam adivinham chuva…” Será que vem aí chuva? Ai que saudades de uma lágrima ao canto do olho e um copinho acompanhado à guitarra a ouvir um fadinho têm os portugueses!

Artigo publicado no Siga Freitas no JM-Madeira

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