quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Aconteceu na América... E mais aonde?

Desde que começou este processo das eleições americanas, sempre afirmei aos que me eram próximos que Donald Trump seria o vencedor. Ainda estávamos nas primárias e afirmaram-me que ele nem passaria daí, pois ganharia o Jeb Bush no lado dos Republicanos. Depois da desistência deste, já diziam que o candidato dos republicanos seria Ted Cruz. A verdade é que Donald Trump ganhou as primárias, mas, posteriormente, todos diziam que a Hillary Clinton ganharia sem problema. O resultado foi o que se sabe: Donald Trump ganhou.

Caros leitores, eu gostaria de fazer algumas perguntas retóricas, para aqueles que tanto se indignam com as “principais” propostas de Donald Trump. Ora vejamos:

- Expulsar imigrantes ilegais – o que é que os europeus querem fazer com os refugiados? O que é que o Reino Unido diz sobre os refugiados? Se um imigrante estiver legal, não tem qualquer razão de ser expulso, está legitimamente num país que o acolheu. Já pensaram que esses imigrantes podem estar a viver situações de exploração pessoal e laboral, pois não possuem qualquer direito, já se estiver legal poderá proteger-se. Ou seja, a expulsão como ato em si pode parecer negativo, mas se ela funcionar como forma de pressão que pode conduzir à legalização dos imigrantes pode ser positivo para todos.

- Obrigar as empresas americanas a voltarem a ter as suas fábricas nos Estados Unidos – imaginemos que a Empresa de Cerveja da Madeira fosse para a China, mas mantinha o “selo” a dizer que era madeirense e nada tinha de madeirense, pois os impostos nem pagaria cá, nem criaria emprego. O que achariam disso?

- Não estar refém de empresas, é claro que ele é empresário – suponhamos que ele receberia apoio da Goldman Sachs ou de Wall Street, como recebeu Hillary Clinton, como poderia tomar uma decisão contrária a essas empresas? Ou imaginemos uma Tecnoforma…

- Construção de um muro entre os Estados Unidos da América e o México – o que está a ser feito em Calais ou o que é que países do centro e Europa de leste querem fazer? E os europeus sabem que já existe uma vedação? Claro que a política do muro, que tanto serviu para condenar os países da antiga cortina de ferro, não é a solução, mas não sejamos hipócritas, ao condenar uns e silenciar outros. Ah… e sabiam que esse muro foi iniciado pelo Bill Clinton?

- Opõe-se à legalização do aborto – é uma corrente de um partido conservador, como é o republicano, se bem me recordo, o nosso atual Presidente da República também era contra. Uns concordam, outros discordam, não pode ser uma imposição de um dos lados!

- Redução de impostos a quem tem rendimentos abaixo dos 25.000,00 3£ anuais, e isenção de pagar qualquer imposto abaixo de um determinado nível – esta proposta só gostaria que fosse aplicada em Portugal com mais intensidade, sendo que já se aplica aos mais baixos escalões.

- Dos únicos candidatos, ao contrário dos outros republicanos que defendiam a privatização, ele pretende manter igual a Segurança Social – privatizar a segurança social era prejudicar a vida a milhares de americanos. Aliás, a segurança social pública é a principal característica do Estado Social Europeu que tanto defendemos.

- Reduzir os custos com a NATO e ajudar menos financeiramente a Arábia Saudita – sustentar uma organização que nada tem feito pelo Mundo é dramático, recordo que os partidos de extrema-esquerda em Portugal são contra a pertença do nosso País à Nato, mas claro que esses partidos são democráticos!

Mas o que eu gostei mesmo na vitória do Donald Trump foi ter visto que o maior derrotado foi a comunicação social!

Quero deixar uma nota. Para nós, europeus, Obama terá sido um excelente líder, mas não sentem um vazio de líderes europeus?

Já agora sabem o que me agradou nesta panóplia de comentários de portugueses e em especial dos madeirenses: é a indignação deles por alguém eleito nos Estados Unidos da América com estas características, mas, e por cá?! Ai a nossa memória!

Contudo, façamos um faz-de-conta, tudo em faz-de-conta, é claro:

- Faz-de-conta que haveria políticos que, para manter-se no poder, demitiam os seus “ministros” e entravam os suplentes, que os partidos que os apoiam deixavam de apoiar, mas ele mantinha-se.

- Faz-de-conta que haveria políticos que faziam promessas e outros que pagassem ou concretizassem.

- Faz-de-conta que haveria políticos que passassem mais tempo fora do seu país do que nele.

- Faz-de-conta que haveria políticos que pagavam balúrdios à comunicação social para fazer lavagens cerebrais ao povo;

- Faz-de-conta que haveria políticos que diziam ser licenciados e nem a 4ª classe conseguiram tirar, sem uma cunha;

- Faz-de-conta que haveria políticos que enriqueceram à custa de negociatas quando lá estiveram;

- Faz-de-conta que haveria políticos que pediam a amigos para custear as suas despesas.

- Faz-de-conta que haveria políticos que não passam disso… Fazem de conta, fazem de conta que não existem para não se notar e passarem entre os pingos da chuva, faz-de-conta que se toma decisões.

Neste faz-de-conta, até o Povo faz-de-conta que está tudo bem, mas será que está?

Para finalizar e em defesa pessoal, não sou defensor de Donald Trump, mas digam-me aquelas declarações que tanto indignaram, mas quantos homens em conversas privadas e até mulheres em conversas entre amigas não dizem: “comia aquela gaja/o”, mas claro se forem colocadas pública parecem mal.

Eu acredito que Donald Trump trará um novo ar político para o Mundo, irá retirar o poder, os financeiros e os tecnocratas mandam no Mundo e façam experiências com os povos, tal como fez o FMI com Portugal.

Os relatos de fim do mundo são verdadeiramente exagerados, por isso, a única coisa que posso dizer é que os EUA estão melhor que nós, Portugal. Por isso, só posso deixar a seguinte frase que tradicionalmente os presidentes americanos afirmam nos seus discursos de tomada de posse em relação aos EUA:

God bless Portugal!

Artigo publicado no JM Madeira.

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