segunda-feira, 1 de julho de 2013

Dia da Região Autónoma da Madeira e Comunidades Madeirenses - "madeirensidade" dada ao mundo pelos madeirenses nas Descobertas

Excelente intervenção do historiador Alberto Vieira:

"O historiador Alberto Vieira defendeu hoje a ideia da "madeirensidade" como forma de realçar "o contributo que a Madeira e os madeirenses deram ao mundo na projeção dos Descobrimentos portugueses".
O ex-presidente do Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA) foi o conferencista convidado da cerimónia solene do "Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses" que decorreu no Centro Cultural John dos Passos, na Ponta do Sol, onde desenvolveu o tema "A Madeira e os Madeirenses na Construção de Portugal, da Europa e do Mundo".
"A minha ideia parte de uma frase do padre António Viera que, transposta para a História da Madeira, diz mais ou menos o seguinte "Deus deu aos madeirenses um berço estreito para viver e o mundo inteiro para morrer", explicou, à agência Lusa, o historiador.
Alberto Vieira lembra haver "uma dimensão universal da história e da cultura madeirense que resulta do facto da Madeira ter estado no início do processo da mundialização que foram os Descobrimentos e, isso, projetou a Madeira e os madeirenses quase diria para todo o mundo".
"A "madeirensidade" releva que existe uma dimensão cultural madeirense que acompanha o formular das instituições de organização política como as capitanias, a tecnologia usada na economia como os engenhos, o aproveitamento e o adaptar do espaço às condições experimentadas na Madeira uma vez que houve uma grande experiência, aqui, na ilha, e que é transposta para tudo o mundo", declara.
"Não é por acaso que Afonso de Albuquerque falava da necessidade de chamar os colonos madeirenses que abriram as levadas para tentar abrir, já no século XVI, um hipotético Canal do Suez", observa.
"A Madeira e os madeirenses chegaram aos quatro cantos do mundo e tiveram uma intervenção desde os primórdios do processo de mundialização iniciado no século XV, com os chamados Descobrimentos, de que hoje somos plenos fruidores, e que merece ser, aqui, e, agora, destacado", insiste.
Alberto Vieira realça não querer "fazer da ilha o centro do mundo mas apenas chamar a atenção de todos para o facto de que, em quase todos os recantos do mundo, há um pedaço da ilha, que se afirma pela presença atual ou no passado de madeirenses".
"O tema parece-nos atual, num quadro de dificuldades que vivemos, uma vez que poderá ser o necessário incentivo ou alento, vindos do passado, para o enfrentar de novos desafios e batalhas que nos conduzam à concretização dos nossos sonhos", afirma.
O investigador criticou a insistência "num cada vez mais dominante protagonismo europeu-peninsular, ignorando quase sempre o papel e a importância das ilhas" que "muitas vezes, são mesmo consideradas a periferia da Europa, ignorando que alguns centros que se geraram no espaço atlântico tiveram, por epicentro, 
os espaços insulares".
"Dentro desta dimensão, há um aspeto que é extremamente importante e que se prende com a História da Madeira no sentido de que seja feita pelos que ficaram cá dentro e pelos que saíram, ela não é completa se for feita apenas pelos que ficaram cá dentro e, na verdade, há uma dimensão muito maior da "madeirensidade" se for valorizado este aspeto externo da projeção da Madeira no mundo", concluiu.
A conferência foi desenvolvida em sete partes - "ilhas com descobridores, escalas e rotas oceânicas"; "da Madeira para o mundo - homens, instituições e técnicas"; "o que fomos e o que demos ao mundo"; "da ação e riqueza dos madeirenses"; "os mundos dos madeirenses"; "a imagem da ilha e história no olhar do outro" e "o Mundo e o mar das ilhas a partir da Madeira"."

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