Ovo não é aborto...

Apesar de eu não querer usar o blog para falar do aborto, irei responder ao comentário que a minha amiga Filipa fez, porque achei interessante e gostaria de esclarecer a minha opinião. Devo dizer inicialmente que não sou “extremista pró-vida”.

ninguém perguntou se és a favor ou não do aborto!!

Pois não, no entanto a lei que está preparada é liberalizar o aborto e isso eu não estou de acordo! Porque não é lavar as mãos e dizer “eu sou contra o aborto, quem quiser que faça…”, quando está em jogo uma vida que não se pode defender de maneira nenhuma. E poderás ver no site http://www.assimnao.org/ a explicação do Professor Marcelo Rebelo Sousa acerca da pergunta e isso tudo, porque talvez tenha mais credibilidade do que alguns comediantes comunas que tentaram também passar a mensagem que o aborto é algo moderno!

Eu penso que a questão fundamental do sim não é se se pode matar um feto ou não...está, sim, na questão em que o aborto sempre existiu e sempre existirá e infelizmente ja muitas melheres morreram a faze-los. Porque?
Se existe porque não dar condiçoes as pessoas que os fazem. Para não falar de que se uma criança não é desejada, porque aconteceu um acidente (sim acidentes acontecem!!), há-de nascer? para que? para sofrer, para ser mal tratada? ou ir para instituições em que por vezes passam lá a vida e sofrem traumas terriveis?

Isso é verdade o aborto sempre existiu, não seria com o ganhar do Não que deixaria de existir, mas diz-me a droga e drogado existem e já existiam devemos legalizar todo o tipo de droga? Assaltos, homicídios e tantas outras coisas com menor ou maior significado na sociedade sempre existiram, no entanto são más para algumas pessoas e boas para outras devemos legalizar? Dirás que não há comparação possível, se calhar até certo ponto não tem, mas em outros tem… Estar a matar uma vida!
Tens toda a razão já morreram milhares de mulheres a fazer o aborto, porém sabes quantas todos os anos preferem morrer para trazer uma vida ao Mundo, e sabes nesses casos o aborto é permitido, está previsto na actual lei! Essas mulheres acham que já viveram o suficiente e preferem dar a sua vida por outra… Será justo? Julgarmos alguém por ter dado a vida por outra vida? Também não é justo julgar alguém que morreu por acidente por querer tirar uma vida…
Acidentes existem tens toda a razão, para isso existe algo que se pode comprar nas farmácias e as mulheres podem tomar até 72 horas depois desse acidente que é a pílula do dia seguinte… Com esse pequeno comprimido resolve-se o problema, estou certo?
As crianças não desejadas que referes deve ser das pessoas de bairros sociais, se fores a ver essas pessoas não irão fazer o aborto, porque existe falta de informação e até lhes faz falta mais um abono (pelo menos foi o que vi uma vez numa reportagem da SIC, se não estou em erro), essas crianças irão continuar a existir… Todavia existe imensas instituições capazes de acolher nas melhores condições as crianças, caso seja necessário, e esses traumas podem acontecer algumas vezes, contudo muitas dessas crianças crescem sem qualquer problema e sem esses traumas… E porque não facilitar a lei da adopção em Portugal? Está em tribunal o caso Esmeralda, uns pais de afecto que estão a lutar para ficar com a “sua” filha contra o pai biológico que inicialmente se recusou a ser, e agora quer o ser! Com o aborto acho que não se pode voltar a trás na decisão e a mulher tem unicamente algumas semanas para decidir… Em relação às famílias com capacidades económicas essas irão continuar a fazer se as suas filhotas tiverem algum devaneio e para manter as aparências vão recorrer ao aborto, sempre foi e sempre será (como tu dizes, mas essas famílias continuaram a fazer o aborto fora de Portugal), todavia tenho a certeza caso o bebé nascesse seria acolhido, inicialmente, com algum “ódio”, mas com o passar do tempo seria amado…
Na minha opinião esta lei vêm “ajudar” as famílias medianas de Portugal que até podiam ter um filho, porém devido alguns problemas não o querem, porque os portugueses são muito comodistas e incapazes de sacrificar, contudo se fossem para França, Reino Unido ou outro país qualquer fazer de escravo faziam... Uma vez um guineense disse, mais ou menos estas palavras: “Podemos ter fome, querer um pão ou copo de leite, sem pudermos ter, aí temos que nos lembrar estamos lutar pela nossa família e saber que os filhos não podem passar pelas mesmas dificuldades.” – isto tudo para mostrar que tudo é possível com mais ou menos sacrifício…

Existe mais um meio contraceptivo? não me parece.. mas tu como homem obviamente que não sabes o que é passar por um aborto para dizer k existe mais um meio contraceptivo não é? alias se fosses mulher eu gostava de saber se ainda pensavas dessa maneira tao radical? claro está que os homens falam muito mas não são eles que são obrigados a assumir e até ter um bebé na barriga... Se o sim ganhou não é pelas pessoas serem a favor do aborto, mas sim por serem dadas condiçoes a quem os faz. Cada um sabe de si e tem liberdade para escolher se aborta ou não, lá por votar sim nao implica que faça mas sim, mais um vez digo, sejam dadas condiçoes a quem o faz.

Esse foi um titulo para chocar, porque nunca o aborto deverá ser encarado como um método contraceptivo, todavia acho que muitas pitas por aí persuadidas por rapazes mais velhos (que dizem que é melhor sem preservativo) irão dizer que é depois há o aborto e sei lá que mais asneiras irão inventar… Eu não sei o que passar por um aborto nem espero que nenhuma namorada que tenha ou amiga tenha que passar por isso.
Sabes os homens foram aqueles que mais votaram Sim no referendo (de acordo com uma sondagem da TVI) isso faz dos homens mais sensíveis que as mulheres? Não me parece… E eu sei que o aborto não é fácil, porque tirando uma outra mulher que se acham as maiores por fazer o aborto (como vi na TVI), o aborto é das situações mais difíceis que existe. Li casos de mulheres americanas que abortaram e souberam que o feto já tinha braços e pernas e até já era capaz de chuchar nos dedos, isso psicologicamente não deve ser fácil superar!
O Sim ganhou porque quiseram fazer passar que o aborto é algo moderno, nós, Portugal, não sabemos copiar o que os outros tem de bom e de moderno só as coisas más é que sabemos trazer… Serem dadas condições à morte de alguém que não se pode defender e que nem opinião pode dar? Mas sim agora as mulheres irão aos hospitais e clínicas, com o dinheiro do Estado (que diz não ter para outras coisas) e poderão praticar o aborto. Eu pergunto existem filas de espera nos hospitais para simples operações ou operações que depende a vida dessa pessoa será que essas listas ficarão ainda mais lentas? Não seria mais fácil prevenir, isto é investir dinheiro em politicas natalistas e de incentivo aos filhos? Pois nós sabemos que Portugal é um país que está a envelhecer e qualquer dia desaparece a nossa identidade…

Quanto ao último ponto que referes não é uma escolha (como li num site brasileiro): “Estudos de mulheres que fizeram aborto, (veja, por exemplo, o livro do Dr. David Reardon, Aborted Women, Silent No More), mostram que o aborto não é uma questão de dar a mulher uma "escolha". É, tragicamente, uma situação em que as mulheres sentiram que não tinham NENHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém se importava com elas e com seu bebé, dando-lhes alternativa alguma a não ser o aborto. A mulher se sente rejeitada, confusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar com a gravidez – e, no meio disto tudo, a sociedade lhe diz, "Nós eliminaremos o seu problema eliminando o seu bebé. Faça um aborto. É seguro, fácil, e uma solução legal".”

Votar Sim não significa faze-lo, mas significa criar condições para que aborto seja uma pratica ainda mais recorrente e que a vida humana seja banalizada.

E para finalizar o meu voto devo dizer que a afirmação do Papa S. Félix diz tudo: "Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é suprimi-la.”

VIDA SEMPRE…

Post Scriptum: Filipa sabes aquele taxista que uma vez apanhamos? E disse que para ser intelectual era necessário ser de esquerda, ser ecologista e ser anti-americano. Pelos visto eu não sou nenhum intelectual, porque não sou comuna, não ecologista, nem (assim tão) anti-americano…