quarta-feira, 9 de outubro de 2019

“APRENDO A CAIR E A PERGUNTAR”*


É um orgulho para qualquer português, em especial os madeirenses, ver Tolentino Mendonça nomeado Cardeal. Eu não o conheço pessoalmente, não me recordo de ter cruzado com ele em qualquer lugar, mas penso que todos nós o admiramos e sentimos que ele é parte de nós, madeirenses. Alguém que nos eleva, alguém que nos carrega nos seus ombros e, quem sabe, não fará um “forcing” por nós, junto de todas as santidades do Céu e da Terra.

Numa das muitas entrevistas da semana passada, houve várias declarações que me tocaram… Ele falou enquanto bibliotecário, em que dizia que passeava entre as estantes de livros, amava os livros como um jardineiro ama as rosas, e, enquanto passeava pelos jardins, amava as flores. As ideias são as dele, as palavras aqui escritas são a minha maneira de as traduzir.

A outra parte que me tocou foi quando respondeu como se sentia em relação ao novo cargo para o qual fora nomeado: “A vida vai-nos dando, pela mão de Deus, os caminhos, mais do que os pesos, porque a vida de um cardeal é pesada, mas a vida de um pai de família também é, a vida de um operário, a vida de um desempregado, a vida de um homem sobre a terra, a vida de um refugiado, a vida de alguém que constrói a sociedade”. Ou seja, na hermenêutica do texto que as suas palavras acabam por cerzir, cada um carrega a sua - Cruz.

Ele comparou a sua nova vida, não à de um homem importante, ou de um banqueiro, ou de um primeiro-ministro, presidente, ou rei, mas à suma importância da vida de cada homem, com o exemplo simples e solene, daqueles, os mais simples, que tocam a vida com as mãos calejadas e com o sentimento do coração esculpem a sua alma.

Estas palavras tornam-nos habitantes da Terra em igualdade cristã plena e todos conseguimos sentir o que sente o Cardeal Tolentino Mendonça. Mais e além disso - ele demonstra e bem o que sente um operário que labora as horas e constrói, com suor e lágrimas, a vida própria para que a vida de todos se dignifique: ainda que haja por salário um valor materialmente insustentável, comporta-se como o mais bem pago da sua empresa, porque executa, na perfeição possível, toda a obra-prima que sai desse labor, porque, ao menos, lhe foi dada a dignidade negada aos desempregados, Refugiados no seu próprio país, privados da pátria plena como todos os expatriados. Disse o Papa Francisco ao Cardeal que traz em si a Madeira em sua indumentária púrpura: “Tu és a poesia” – porque em Tolentino cada palavra se torna uma metáfora da Mensagem.



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