quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A PRÓXIMA FESTA



O meu filho mais velho foi batizado pelos avós pelo “João das Festas”. O João das Festas é assim, pois ele vive o calendário de acordo com as festas. Mal acabou uma, fica à espera da próxima.

Nós, normalmente, seguimos o calendário solar, outros o lunar, o meu João das Festas regula-se pelo tempo do calendário das Festas. Assim, viveu o Natal, mas já na primeira oitava perguntava: “quando chega o Carnaval?”… Tive de travar essa loucura de festas e exclamar que ainda faltava o fogo do início de ano e depois o dia de Reis, se fosse espanhol, se calhar entenderia melhor o dia de reis, que é o dia de presentes, ou “regalos” de nuestros hermanos.

Depois pede-me para enumerar as festas todas… E eu lá digo eu: o dia de Reis, depois o Carnaval, depois a Páscoa, os anos do mano, o teu aniversário, o Verão (ah sim… o verão é uma festa), depois o Natal e depois os outros todos.

Aí ele retorquiu logo: E o dia da criança?... É verdade, esqueci-me desse dia. O dia da criança!

Acredito que este calendário das festas até é saudável, é a definição de felicidade da vida, de crescer com base na felicidade e na alegria, na expetativa de um manhã sempre ridente. E assim se constroem os sonhos, as utopias, os novos horizontes, os projetos de vida.

Mas, na verdade, se repararmos, quase ninguém segue o calendário solar, mas sim o calendário eleitoral, o calendário da nomeação, o calendário escolar, o calendário dos “impostos”, o calendário do futebol… Ora… Assim, pelos vistos, ninguém segue o calendário solar. Nós podemos não viver nenhum desses calendários, mas todos eles influenciam a nossa vida.

O do meu João das Festas é, sem dúvida, o melhor. Eu procuro sempre ler, ouvir, ver e, recentemente, vi uma palestra do artista brasileiro Eduardo Marinho, que contava a sua história de vida, e, numa das suas várias e fascinantes histórias, contava a vida de um velhote que conheceu que era rico e dizia: “sou um vitorioso, mas me sinto um derrotado”.

Nestes tempos, não é fácil encontrar a festa certa, o sentido da vida, mas só podemos ter medo é de viver sem sentido. Vivermos para encontrar satisfação na vida ou então viver à sua procura. Eu opto e optarei, sempre, para viver o calendário das festas do meu João das Festas. Mas vou acrescentar algumas festas, mesmo aquelas mais simples, aquelas que já vivi e agora vivem unicamente na nossa memória. Recordo que, em criança, lá no meu sítio, fazíamos fogueiras nos santos populares, eu adorava o São João, fazíamos aquelas fitas no corredor lá de casa, e a cola era aquela pasta de semilhas, a mesma de fazer as joeiras. Havia quem a fizesse do milho moído cozido, frio. A vida era mais simples, era mais genuína. Há que regressar a essa vida, a uma vida de simplicidade mas de satisfação e felicidade.

A próxima festa é o Carnaval e vamos celebrar com a maior de satisfação! Os nossos disfarces são os do homem aranha!

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