quinta-feira, 18 de junho de 2020

O PASSADO E O AMANHÃ


O nosso grande colonizador, o mais conhecido no Mundo, aquele que escraviza fãs e subordina adversários - é esta a discussão que está na baila, certo? – é o futebol. Será que vão vandalizar ou pichar as estátuas e bustos do Cristiano Ronaldo? E daqui a 500 anos, existirá alguém que dirá que existiam uns homens que praticavam um desporto bárbaro, um desporto ridículo – dirão alguns, um desporto que fazia milhões de pessoas discutir, apoiar e ir a todo o lado, movidos por uma paixão inexplicável.
Sim, é isto que o futuro da humanidade pensará de nós.

É que hoje alguns pseudointelectuais dizem e escrevem sobre os descobridores e navegadores portugueses que simplesmente mudaram o nosso Mundo. É julgar os comportamentos desses heróis com os nossos valores civilizacionais da atualidade.

Será que a questão será só com os afrodescendentes? Será que ninguém pensa que os romanos escravizaram os povos que dominaram, fossem eles hispânicos, fossem judeus ou bárbaros? Mas nós na sociedade ocidental descendemos deles todos.

Mas será que este sentimento de culpabilização ou querer culpabilizar pessoas, heróis que tanto fizeram por Portugal, faz sentido? Por exemplo, alguém acharia por bem tirar a estátua do João Gonçalves Zarco da Avenida Arriaga? É claro que não, faz parte da nossa história. Foi um herói, como outros tantos, que atravessaram o oceano para descobrir novas terras.

Há vários pontos importantes a considerar. Foram os portugueses que levaram os valores ocidentais da época para a maioria desses povos, fosse no continente africano, americano e também asiático. É claro, que, segundo os valores da época, agimos segundos conceitos e valores que então estavam ainda em decorrência do que vinha da Antiguidade e da Idade Média, não estando em debate a bondade desses mesmos valores em parâmetros da civilização atual. O que estavam em questão é quem eram os mais avançados no cruzamento de novos mares e novas terras. Eram os portugueses – um grande povo e com grandes líderes.

Porque será que não se faz manifestações globais contra o que se passa na República Centro Africana? No Iémen? De hoje!

Será que aqueles que falam e gritam tanto para acabar com estátuas e mais não sei o quê… Também dizem o mesmo de vários monumentos na Alemanha, onde os jovens estudantes alemães vão a prisões da Gestapo, vão a campos de concentração seja na Alemanha, seja na Polónia e presenciam e estudam o passado, encaram o mesmo e entendem que aquilo foi errado, mesmo aos princípios éticos da época, aliás, em algo incomparável com a época dos descobrimentos. Revisitar o passado em atitude de reflexão porque o passado não se apaga.

Finalmente, questiono-me - será que se vai exigir a outros povos que saquearam a nossa terra de obras de arte e tantos outros recursos a devolução? Corsários a mando de reis e imperadores que invadiram Portugal. Hoje perante isso só terão uma opção devolver aquilo que é legítimo dos portugueses. É isso?

Na passada segunda-feira, ouvia um comentador num canal português uma anedota, que há muito não ouvia, estavam dois portugueses a dizer mal de Portugal: “somos um país de corruptos”, “somos um país de bandidos”, “Portugal na verdade não tem nada que preste”… Até que um questiona: “Como é possível termos sido aquele Povo Glorioso que deu Mundo aos Mundos?” e o outro responde: “Nós não somos esse Povo, nós somos aqueles que ficámos cá…” De facto, é verdade, em parte a mentira é outra, porque os madeirenses são, com efeito, o Povo Glorioso de Portugal que se aventurou no além-fronteiras!

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