sexta-feira, 2 de junho de 2017

Quanto vale ser português?!


Estas últimas semanas foram noticiadas a visita e possível próxima residente de Lisboa, Madonna. A verdade é que Madonna tem interesse em viver em Lisboa, não é unicamente por ser uma cidade fantástica, nem ter um clima espetacular, mas essencialmente numa tentativa de obter a nacionalidade portuguesa ou ter um visto gold. A verdade é que ter um passaporte português tem muito valor, pois, repare-se, se, até agora, ela tinha o passaporte inglês e americano, a verdade é que, com o Brexit, começa a ter alguns entraves nos restantes países da UE. E o passaporte português tem outro interesse, pois facilita um acesso aos PALOP e aos restantes países da CPLP.

Quanto vale a nacionalidade portuguesa? Se há o interesse de muitos quererem ser portugueses, terá que haver as suas vantagens, que, muitas vezes, nós, portugueses não entendemos. Há uns anos, quando participei numa reportagem para uma agência internacional, o cameraman era português e dizia que, por várias vezes, o passaporte português o safou de ser raptado e até morto por alguma milícia numa zona de conflito em qualquer país do mundo.

A nível de empreendedorismo, não podemos pensar unicamente no investimento que virá com as empresas para cá, nem só com os vistos gold, mas também temos de ponderar algo mais. Por exemplo, existem alguns países das Caraíbas cuja maior “exportação” é a emissão de passaportes, o que limita o acesso a alguns, mas vou mais além que isso, não pode qualquer pessoa obter a nacionalidade portuguesa, a nacionalidade portuguesa deve ser vista como um privilégio e, apesar de sermos 10 milhões em Portugal, existe muitos mais pelo mundo, muitos dos quais sem nunca terem tido contacto com o Portugal, mas que, quando estão aflitos, lembram-se da Pátria dos pais ou dos avós. E têm todo o direito, pois são portugueses. Mas será que não deviam ter deveres?

Por exemplo, um cidadão americano, mesmo fora do país, é obrigado a pagar os seus impostos, mesmo que não tenha estado na América, por esse motivo, de acordo com a CNN, em 2014, 4 279 americanos renunciaram à nacionalidade americana. Já em Portugal somente 91 pediram para deixar de ser portugueses.

Esta questão coloca-nos várias questões, mas agora, como português a viver em Portugal, se fosse emigrante, como já fui, experiência que me enriqueceu, considero que pagar impostos por ser português deveria ser um dever, parece-me revoltante que os portugueses a viver fora de Portugal não tenham qualquer dever com a nossa querida nação, de que isso lhe trouxesse contrapartidas e traz, pois muitos, quando regressam a Portugal, são capazes de exigir reformas ou rendimentos de inserção social, contudo, nunca colaboraram para a criação de emprego ou descontaram qualquer escudo ou cêntimo para o nosso estado social. O Estado Social torna-se insustentável, perante uma pirâmide invertida, é impossível equilibrá-la.

Mas, claro, os governantes portugueses, às vezes, preocupam-se com o investimento dos emigrantes portugueses em Portugal, mas, às vezes, pensam quanto é que vale ser português? Que valor tem a nossa nacionalidade?

Publicado na Revista Madeira Digital

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