sábado, 14 de maio de 2016

Mustafa, choramos em ti as vidas ceifadas de tanto emigrantes madeirenses!


Mustafa Kartal é o rosto de um homem que demonstra a coragem de qualquer povo, de qualquer homem que ousa defender o seu futuro, a sua vida, o seu direito a viver sem medo. Ninguém pode fazer justiça pelas suas próprias mãos, porque isso colocaria em causa as regras da vida em sociedade. Diferente é a garantia constitucional de exercer o direito de reagir em legítima defesa, para preservar a sua própria vida, com os meios que as circunstâncias proporcionam face ao perigo iminente. Mustafa Kartal é um turco de origem curda, que procurou, há 4 anos, uma vida mais calma e mais tranquila, recusando viver em constante sobressalto, no sempiterno conflito turco-curdo em Istambul. Há cerca de dois meses, teve a coragem de abrir um negócio para ser o seu ganha-pão e garantir que teria umas liras turcas para trazer para Portugal a sua família.

Mustafa Kartal é o dono de restaurante turco o Palácio do Kebab, no Cais do Sodré, de que podemos assistir àqueles vídeos virais de violência de um infausto episódio ali passado. Este homem turco bem podia ser um qualquer José Silva ou António Carvalho, qualquer nome genuinamente português, que abrisse um restaurante tipicamente português em qualquer país do Mundo e quisesse levar a sua família para lá, um país que lhe oferecesse melhores condições de vida para si e os seus. Imaginem agora que esse José Silva era alvo de uma brutalidade de ataques como foi o Mustafa? E aqui pergunto, seria correto esse José Silva, um homem que criou um posto de trabalho, que criou um novo espaço para todas as pessoas poderem usufruir de uma iguaria do seu país, ainda estar ilegal, isto é, já não deveria, ao menos, ter um visto de residência? Como é possível este homem pagar os seus impostos e não ter um visto? Claro, não é um visto gold… simplesmente um visto!

Tal como o Mustafa, tenho um amigo turco, o Murat, que abriu um dos melhores restaurantes turcos da Península Ibérica, para quem não conhece, passe a publicidade e aconselho a visitarem o Dervixe, fica ao lado do Number 2 na 24 de Julho em Lisboa. E Murat, tal como Mustafa, foram empreendedores e estes empreendedores são homens que tiveram a força e a coragem de virem para um país que não conhecem e de que não conhecem a língua, mas, mesmo assim, tentam vingar e demonstrar que são capazes de progredir e fazer avançar os seus negócios.

Há algo que carateriza as pessoas que migram, é a perseverança de lutarem por uma vida melhor, uma vida digna, que a sua pátria lhes não proporcionou e essa mesma característica faz com que essas pessoas saiam da sua zona de conforto e consigam vencer na vida. É certo que haverá sempre turbas a quererem derrubá-los, mas temos de ter a força de qualquer Mustafa, mesmo que eles tenham armas para derrotá-los e vencê-los, e, assim, conquistar os sonhos que ainda ousam ter nas adversidades da vida.

Este meu artigo foi escrito em jeito de homenagem a todos os madeirenses que morrem na Venezuela e na África do Sul a defender os seus negócios, o seu ganha-pão, porque, este infeliz caso com este turco imigrante no nosso País, é como se pudéssemos assistir e sentir, até certa medida, o que passa cada um dos nossos conterrâneos emigrantes. Também quero deixar uma palavra de força ao Mustafa, que não desista, porque aqueles que tentaram derrubá-lo não conseguirão. A Justiça exercerá o seu dever!

Artigo publicado na Revista Madeira Digital

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