quarta-feira, 3 de junho de 2015

O engenheiro biomédico e a sua Saúde

Neste artigo, vou falar sobre a minha própria licenciatura, Engenharia Biomédica, e o mestrado subsequente. O leitor deverá perguntar-se: “mas essa engenharia trata mesmo do quê? Trata-se de quê? Afinal, fazes o quê?”

Primeiro, vou responder o que é a engenharia biomédica, um ramo do saber que é considerado por diversas publicações científicas mas não só como a profissão do futuro. Se levarmos em conta que integra uma vasta multidisciplinaridade talvez possamos entender o valor que se lhe atribui num futuro que é já hoje em muitos países. Ela integra saberes comuns à engenharia e à medicina. Apesar do recente e muito sonante nome, esta engenharia, enquanto ramo autónomo do saber, teve o nascimento após a II Guerra e esteve muito próxima dos estudos de sistemas biológicos complexos (bioengenharia) e reabilitação de soldados (engenharia de reabilitação) e na sua utilização adequada em ambiente médico-hospitalar (engenharia clínica). Como se vê, no mundo atual, existe uma necessidade vital da existência de engenheiros biomédicos nas sociedades desenvolvidas. Com efeito, nesses países, está regulamentada a obrigatoriedade da existência de engenheiros biomédicos nos hospitais, de forma a garantir a qualidade e a excelência da saúde, não só por razões humanitárias, mas igualmente porque uma população mais saudável é não só mais feliz, mas também mais eficiente no respetivo setor profissional.

Vou-me agora focar mais na área da engenharia clínica, em que se pode fazer uma aproximação algo expedita, dado que se relaciona com o resultado de todas as restantes áreas de engenharia biomédica.

Os avanços da tecnologia na saúde vêm provocando uma discussão sobre qual deve ser o ciclo de incorporação de novos equipamentos e produtos médico-hospitalares. Por exemplo, em países como a Alemanha, existe a substituição de equipamentos de 5 em 5 anos. Em Portugal, não é raro isso acontecer apenas quando o equipamento deixa de ter qualquer possibilidade de reparação, ou seja, quando o mesmo avaria de vez. Como é conhecido dos especialistas, todos os equipamentos hospitalares são extraordinariamente complexos e dispendiosos. Passo a explicar porquê: qualquer um destes equipamentos é testado um a um, ao contrário de outros equipamentos, que apenas são testados na série de fabrico. Destas características deste tipo de equipamento advêm grandes custos, pelo que a sua gestão requer capacidade de gestão e racionalidade. A saúde é uma área muito particular, porque a tecnologia apresenta um caráter cumulativo, porque a uma nova tecnologia não se substitui uma nova tecnologia.

Nos estudos realizados até hoje, verifica-se que a medicina deverá estar alinhada com a engenharia, sendo um dos ramos que mais cresce e com uma grande projeção no futuro. Se tivermos em conta que grande parte da aptidão de um engenheiro tem caráter intrínseco e que alguns dos melhores gestores em Portugal e no Mundo são engenheiros, e nestes têm uma ponderação considerável os engenheiros biomédicos, entendemos facilmente o seu papel essencial na gestão de qualquer hospital. Desde os anos 60 que os decisores políticos dos países mais avançados entenderam que a qualidade da saúde não dependia apenas do pessoal médico e paramédico e que o sucesso destes profissionais dependia de outros fatores determinantes. Nesse patamar, compreende-se a colocação de engenheiros nos hospitais para uma gestão eficiente da tecnologia. Quando existem as condições e ferramentas necessárias, a importância do engenheiro biomédico torna-se fulcral para uma melhor saúde. Por isso, caros amigos, quando for a um hospital, clínica, unidade de saúde, pense que o sucesso do pessoal médico e paramédico depende de outros fatores humanos que gravitam em redor, por exemplo, o próprio exame que efetuou, decisivo para o diagnóstico e cura, teve a mão de um engenheiro, possivelmente um engenheiro biomédico.
 
Este meu artigo foi publicado na Revista Madeira Digital

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