A franja de Michelle Obama

Ontem estava a ler o Jornal de Notícias e eis que me deparo com um artigo do João Adelino Faria e achei muito acertado, o artigo também está publicado no DinheiroVivo.pt:

 

Quando o conheci era um homem do povo que gostava de mostrar como subiu a pulso na vida. Voltei a encontrá-lo na véspera das eleições, já como líder da oposição. Ele sabia que a vitória estava próxima. Desta vez tudo foi diferente. Já não me recebeu entre a povo. A entrevista foi dada com ele sentado num cadeirão e rodeado de assessores. Foi eleito e nunca mais mudou. Acabou derrotado pelos protestos de um povo cansado de tanta pose e arrogância.

 

Tudo isto se passou com um dos políticos mais poderosos da Europa, mas a história repete-se. Não sei o que acontece a quem é eleito ou está em vias de ganhar uma eleição. Parece que quase todos são mordidos por uma espécie de percevejo das cadeiras do poder.

 

Em Portugal, quer o primeiro-ministro quer o atual líder do PS foram jovens escolhidos pela frescura, ausência de pose, e sinceridade. A vitória para as lideranças dos respetivos partidos aconteceu, em grande parte, por causa de serem as grandes esperanças da mudança. Iam ser diferentes. Iam mudar a forma de fazer política!

 

Hoje, quando os vemos na televisão, na forma como falam ou dão entrevistas, parece que regressámos ao passado. Políticas à parte, as atitudes destes dois líderes são iguais às dos governantes e dos outros líderes que ambos ironicamente combateram e quiseram substituir.

 

Podemos concordar ou discordar com o que dizem, defendem ou fazem, mas na comunicação estão a ficar infelizmente quase idênticos. Parece que os nossos políticos, à medida que ganham poder, ficam com medo de mostrar as emoções e de se revelarem. Querem deixar de ser quem eram!

 

O primeiro-ministro deixou de sorrir e de parar sequer para falar com os jornalistas que o esperam horas, numa qualquer porta de uma conferência ou ato público. E quando dá entrevistas as respostas passaram a soar como setas contra quem pergunta. Ele não era assim!

 

Quanto ao líder do PS, já deixou de ser o Tó-Zé, porque isso não se ajusta à imagem do candidato a chefe de governo. Agora diz sem pestanejar que está pronto para ser primeiro ministro, até já tem governo e parece que deixou de ter dúvidas. Está a ficar igual ao anterior líder socialista, que ele próprio criticou e combateu para chegar ao topo. Ele também não era assim!

 

Sei que ambos enfrentam, como todos nós, um dos períodos políticos mais difíceis da democracia. Mas até talvez por isso deveriam utilizar o que os distingue das anteriores gerações de políticos. Seria talvez útil olharem, por exemplo, com mais atenção para Obama. Apesar de ser o homem mais poderoso do planeta, na tomada de posse, riu quando se enganou, respondeu com humildade aos que o atacaram e mostrou que não se esqueceu de onde veio. No final, ainda com o mundo inteiro a assistir, não teve vergonha de dizer publicamente que gostou muito do novo penteado da mulher Michele: ”Adoro vê-la de franja”!

 

Pivô e jornalista da RTPEscreve ao sábado

 

 

A verdade é que este artigo adequa-se muito bem a políticos da nossa "praça", aqueles que se passeiam por vezes no Apolo e outros que passaram pela AR.

 

Recentemente, alguns aumentaram os votos e acham que agora são poder e pensam podem dizer e escrever o que quiserem, mas esquecem de onde vieram ou o que são na realidade.

 

A incapacidade de alguns olharem a um espelho, a incapacidade de alguns fazerem um juizo deles próprios é difícil. Eles até hoje não ganharam nada, têm a honra de representar os madeirenses e pensam que são superiores a alguém.

 

Esses muitas vezes não passam daqueles novos ricos do século passado, e mais recentemente eram aqueles que quando tiravam um licenciatura diziam e obrigavam os amigos a dizer antes do nome deles: "dr."... A verdade é que actualmente tudo está a mudar e as mentalidades também.

 

Todos aqueles que tiveram essas atitudes acabam por desaparecer, porque a história não é para todos, é só para alguns... Eu acho que um dia vão olhar para o Alberto João Jardim e ao estudarem vão entender o porquê das vitórias, pensem nos pequenos episódios do Obama e transportem até à Madeira. Deixo esta reflexão como seria Obama se fosse um político na Madeira?

 

Para os outros, acho que se o George Orwell fosse vivo os descreveria como os porcos da nossa quinta...