"(...)Penso que quer as decisões que foram recentemente tomadas, quer a forma como o
CINM é normalmente abordado no nosso País (muito politiqueira), são nocivas para
os interesses da Madeira e de Portugal. Porque a verdade é esta: deixando de
existir os privilégios fiscais de que beneficiavam as empresas que aí se
instalavam, estas pura e simplesmente deslocalizam-se para outras paragens
concorrentes. E nem é preciso ir para fora da União Europeia:
Holanda, Áustria, Polónia, Luxemburgo,
Malta, Chipre, "Channel Islands" britânicas Ou, fora da UE, Ilhas Cayman ou Macau,
entre muitas outras. Naturalmente, foram estas praças financeiras que ficaram a
ganhar Quem perdeu? Óbvio: a Madeira e Portugal. Porque, deixemo-nos de
demagogias: existindo zonas francas (ou "off-shores", ou paraísos fiscais, como
se lhes queira chamar) a nível global, confesso que não percebo as decisões que
têm sido tomadas quanto à ZFM. Porque, num tempo de globalização e de fácil
deslocalização de empresas e investimentos, o capital move-se com um estalar de
dedos para onde encontra as condições mais favoráveis. Também do ponto de vista
fiscal. Sem contemplações. Por isso, quando se ouve determinados (pseudo)
moralistas perorarem contra a ZFM, exigindo o seu fim ou a retirada das
condições fiscais favoráveis para as empresas lá instaladas, porque dessa forma
seria captada uma receita fiscal incomparavelmente superior, sinceramente, tenho
dificuldade em perceber se o fazem por desconhecimento, ou por outra qualquer
razão mais politiqueira ou demagógica. Porque, como está bem à vista com este
exemplo, se as condições deixarem de ser interessantes e atractivas, pura e
simplesmente as empresas deslocalizam-se para outras paragens (onde essas
condições existem) – e a suposta subida da receita fiscal acaba por redundar em
zero. Ora, pergunto eu: não será "alguma receita" melhor do que "nada" (para
mais quando, no caso da ZFM, a receita aí cobrada era muito relevante,
ascendendo a cerca de do total da receita fiscal da Madeira)?!... E neste caso
nem se pode argumentar que se trata de uma exigência europeia. Não: como acima
já apontei, praças financeiras de natureza semelhante à da ZFM continuam a
existir sem quaisquer problemas na Europa. E que dizer quando se compara a
atitude das autoridades nacionais neste caso com o que aconteceu com as famosas
"golden shares" (em que, contra a corrente comunitária, se tentou, até ao limite
do possível, manter as ditas?...).
Uma chamada de atenção final: não estamos, evidentemente, a tratar do fim de paraísos fiscais, zonas francas ou "off-shore" a nível global. Seja lançada uma iniciativa neste sentido que conte com apoios que lhe permitam ter pés para andar, e serei um subscritor entusiasta. Até lá, tratar a ZFM como ela tem sido tratada, não é mais do que um perfeito absurdo e uma demagogia sem limite que só prejudica a Madeira e Portugal."
Uma chamada de atenção final: não estamos, evidentemente, a tratar do fim de paraísos fiscais, zonas francas ou "off-shore" a nível global. Seja lançada uma iniciativa neste sentido que conte com apoios que lhe permitam ter pés para andar, e serei um subscritor entusiasta. Até lá, tratar a ZFM como ela tem sido tratada, não é mais do que um perfeito absurdo e uma demagogia sem limite que só prejudica a Madeira e Portugal."
escreveu Miguel Frasquilho no Jornal Negócios.
Veja-se como defende a Zona Franca da Madeira, e a importância dela para o país!
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