domingo, 3 de janeiro de 2010

Salvar o país deste Estado, e o Estado deste governo


"Portugal gosta de viver à sombra do Estado, mas raras vezes um governo quis controlar tanto o Estado como o que temos.
Ontem de manhã fui ao Portal do Governo, abri um por um os perfis profissionais de todos os membros do Governo, e confirmei uma suspeita: nenhum deles trabalhou a maior parte da vida no sector privado. A maioria nunca o fez. Alguns, poucos, exerceram vagamente a advocacia, mas há muito que não têm “escritório”.

Duas ministras terão ganho mais em direitos de autor do que com os proventos dos lugares que mantêm na administração pública. E até a “sindicalista” nunca trabalhou numa empresa, começou logo como funcionária da UGT. Considerando o conjunto dos ministros, o número total de anos passados no Parlamento ou em gabinetes ministeriais não deve ser muito diferente do acumulado a dar aulas em universidades públicas. Perguntar-se-á: mas porquê a minha suspeita? E será que podemos tirar alguma ilação desta constatação? Na verdade não há mal intrínseco em se ter feito toda a carreira no sector público. Nem de tal se pode tirar qualquer ilação, sobretudo se pensarmos nos que dão aulas nas universidades.

Contudo… Contudo estamos perante um sinal dos tempos: o melhor (?) que o país foi capaz de produzir para depois lhe entregar a responsabilidade de o governar foi um grupo de quadros que nunca correu os riscos associados à actividade privada e sempre cresceu no ambiente protegido – mesmo que nem sempre glorioso – da administração pública. Sucede com este Governo, como poderia suceder com um governo liderado pelo PSD, talvez com pequenas nuances, e não deve surpreender ninguém: o sonho da maioria dos portugueses é, há décadas, há séculos, acolher-se no regaço protector do Estado. De preferência como seu servidor, se necessário como seu subsidiado."

artigo de opinião de José Manuel Fernandes publicado hoje no Público

Não há, como ler um artigo de opinião de alguém independente como o ex-director do Público. A verdade que custa aos socialistas ler...

4 comentários:

  1. O Pai Natal não te ofereceu um espelho?!
    Não queres enviar ao dito jornalista independente (sic) a biografia dos políticos regionais para que ele perceba que nem tudo vai mal no país?!

    amsf

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  2. Ainda partia o espelho... eheh

    Então já é militante para votar no mano?

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  3. Não sendo militante milito mais do que os supostos militantes!

    amsf

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  4. Eduardo,


    A verdade é que o artigo perde toda a credibilidade precisamente pelo nome da pessoa que o assina. Se há pessoa que é parcial, essa pessoa é precisamente José Manuel Fernandes.

    Já agora recordar: http://desbobina.blogspot.com/2009/10/mudanca-no-publico-e-cs.html

    Creio que Portugal e a nossa imprensa ganharia muito mais, se adoptasse a tradição anglo-saxónica de mostrar as suas simpatias partidárias, fosse enquanto órgãos, fossem as pessoas que para os mesmos escrevem. Todos ganhariam e evitaria-se esta imparcialidade pobre a que muitas vezes se assiste. Os editoriais de JMF eram simplesmente vergonhosos e nada honravam a tradição de um jornal como o "Público"

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