O último mergulho... Lisandra...

Anteontem eu estava a estudar, quando fui surpreendido pelo vibrar e o toque em código de Morse indicando um sms.

Quem escreveu o sms, não é alguém que me envie mensagens todos os dias, contudo não deixa de ser um amigo, a avisar-me de uma tragédia.

Não queria acreditar no que lia, liguei-lhe de seguida e não atendeu-me… Esperei e respondi à mensagem, para que pudesse falar e saber como e porquê. Algo que não interessa, mas que custa acreditar naqueles momentos e invade-nos de necessidade de corrigir o que aconteceu.

Confesso que neste momento ainda é difícil de acreditar nessa notícia trágica.

É difícil escrever ou explicar o que se sente!

Nós fomos colegas do mesmo clube, partilhamos as mesmas braçadas, partilhamos os movimentos e partilhamos a mesma água… As nossas vidas guiaram-nos para caminhos distintos, no entanto aqueles momentos de partilha foram algo que sempre nos uniram, diria para todo sempre…

Quem me conhece, sabe o quanto a notícia da tua partida afecta-me… Na adolescência, todos os jovens, encaram como um acto antagónico, pois é uma coragem partir, mas uma cobardia fugir… Hoje, reflecti e penso que a tua partida não foi uma fuga, nem um acto de coragem, foi simplesmente a necessidade de desaparecer. Pergunto-me porquê?!

Deixaste-me um aperto no coração, e o meu pensamento ao longo destes dias tem sido em ti, e por ti… Não paro de me recordar daqueles momentos que vivemos até há 7 anos, parece que foi ontem. Não! Sim, parece que foram há minutos ou há segundos… Parece que foram há momentos que estavas no aquecimento das provas e o Marco e o Prof. Jorge a dizerem: “calma… ainda não estás em prova…” Parece que ainda não partiste…

Colega, amiga, companheira… Desculpa-me, todos afastamo-nos… As vidas seguiram caminhos diferentes, sem que nunca mais houvesse um cruzamento! Todavia, nunca esqueci-me de ti…

Recordo-me da fotografia que ilustra o meu quarto e todos estamos lá de cabelo mal enxuto, pólo verde feito para durarem anos, pois estavam largos, calções vermelhos, sem que houvesse distinção entre os femininos e os masculinos. E lá estavas, com o teu sorriso, os teus olhos azuis, a tua cor branquinha tão característica… Que dizer?! Ficaria aqui o dia todo a escrever e a rabiscar acerca de todos os momentos que me surgem e enchem-me a memoria… Conquanto, vou-me limitar a despedir-me…

Adeus amiga… Espero que neste teu último mergulho da vida, tenhas encontrado a paz que não encontraste nas tuas braçadas diárias…

Um grande beijo Lisandra e até sempre, porque continuarás presente no meu coração!